À parte do que me cabe de inicio a este novo texto é que, mais do que uma continuação, ele é uma constatação. Para melhor compreendê-lo, àqueles que não leram, corram ao primeiro (http://retalhosinversos.blogspot.com/2007/04/e-deus-existe.html).
Não é propositalmente que desconfio da existência dele. Nunca a fim de irritar alguém ou de me fazer, quiçá ser, diferente. È algo enraizado em mim, diria. Isso porque há muito tal pensamento invade minha mente e se entende e se completa e chega a tal resolução que sempre vem acompanhada de um desespero estranho e uma tristeza tamanha: deus não existe. Não queria acreditar em deus, essa é a verdade. Mas parece haver uma força maior que me impulsiona a lhe dar uma chance como se ele fosse alguém, algum amigo próximo que necessita da minha fé. No entanto, vezes, ele chega a mim como um vilão, uma espécime má, cruel e vil, um grandessíssimo inimigo a quem só devo desprezo. E no fim de todo o pensamento, na briga entre o anjinho e o demônio que existe em todos nós, termino por desacreditá-lo novamente.
O dia em que amei DEUS amanheceu como outro qualquer. Diria mais, foi menos especial do que muitos outros dias normais. Aquela coisa lenta, sem sorte ou azar, sem acontecimentos bons ou maus. Um dia despertado as 8 e adormecido as 20, como um velho que precisa cumprir toda a sua rotina antes de se deitar. E depois de um dia tão monótono, quando se coloca a cabeça ao travesseiro, quando não se sabe se deve rir ou chorar ou até mesmo gritar, quando seu âmago conversa com ele mesmo tecendo resoluções, planos e metas que serão desfeitos na próxima dose de vida ou num sono tardio, o amei. Posso dizer que foi tamanho amor que a mente não conseguiu apagar a fim de se afogar em sonhos estranhos.
O difícil é lhes explicar o meu atual estado de êxtase, amor e devoção a deus. O difícil é lhes mostrar o quão complicado é perder todo o entendimento infantil sobre o que é deus, pois só assim eu poderia amá-lo. Colocar de lado o entendimento social, religioso, desapegar-me do próprio conceito criado por tais influencias e amar a deus sobre todas as coisas – sem no entanto estar seguindo qualquer mandamento. E nenhum anjo veio a mim em sonhos e me mostrou o reino dos céus.
Tudo o que eu consigo lhes dizer, numa tentativa de me explicar, é que antes do corpo querer descansar e a mente enfim aquietar-se um vento forte balançou o pijama, minha avó me olhou um tanto estática em seu retrato velho posicionado em cima do baú, o incenso exalou o frescor do jasmim em uma fragrância mais encorpada e me veio à memória todos os meus bons momentos de um ano que acabou de passar enquanto Aretha retumbava sua voz brilhante em meus ouvidos. E então eu pensei em Deus, não como algo físico, não como alguém, um dono, um poderoso, um ditador, sem antigo nem novo testamento, sem filho, virgem, santos e afins: apenas Deus em essência. E em sua essência eu o visualizei em todas as pequenas coisas que passaram em minha cabeça enquanto tentava simplesmente dormir. Por isso o amei, por senti-lo em mim descartando o que antes era acaso e em nada me preenchia.
Talvez tenha sido a voz divina de Aretha. Talvez tenha sido Einstein. Ou talvez seja uma resposta definitiva a essa minha mania de discutir a inexistência de Deus.
Todo o resto ainda me parece estória para adulto dormir.
Albert Einstein.
3 comentários:
Excelente!!!
Bjssss
Acredito em Deus, acredito em vc... Parabéns pelo texto: sutil e refinado como só vc consegue ser!
Bjos
Ah, eu queria escrever como você, sabe? Mas vá lá, cada uma com sua expressão.
Ok, sou a Jô e quem me falou do seu blog foi uma amiga em comum. Ela disse que você escreve muito bem e vim conferir. E não é que ela está certa?
Abraço...
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