segunda-feira, janeiro 21, 2008

Na carne.

Momento áspero.

Este não será um roteiro de fim de semana. Sequer dicas de bons lugares a ir, filmes ou espetáculos para assistir. É só a constatação de que nem sempre a lei de Murph impera, mas quando o momento é áspero todas as outras coisas tendem a ter o gosto amargo.


O fim de semana começou na noite de Quinta-feira, quando as coisas apontam para o não ir bem. E se este é o roteiro de vida, nem sempre é possível ou desejavel lutar contra. Então a Sexta acorda um pouco mais tarde do que o costume e um pouco mais tensa também. Minha sorte é que tenho bons amigos e quando a solidão, a tristeza ou a raiva me abatem (as vezes todas essas coisas juntas) eles vêm em meu socorro - cada um com o seu programa, claro.
O primeiro foi um cinema fim de tarde, que fiz questão de logo aceitar. E quando não se tem muitas opções e o sim já está dito não importa muito qual o filme que será visto. De logo posso dizer que foi terrível. Melhor, intragavel. Um daqueles heróicos norte-americanos que tornam qualquer ser lendário... Resultou em gelo nas veias, asco e visão parcial em sua corrida uma hora e pouca.
O segundo foi interessante: dormir fora de casa, longe de telefones, computadores e afins. Do outro lado da minha cidade, é verdade, mas bem vindo por ser novo. O engarrafamento resultante de um Festival que ocorre no nosso verão fez aumentar o calor e a fome... Então, nada melhor do que uma fugida de volta ao Shopping, porém outro, um lanche noturno e um bater de pernas cheio de conversas que aliviaram o fôlego e se transforam em cantoria numa volta menos trôpega, ainda que sufocante.
O Sábado se iniciou leve. De uma leveza que perdurou durante o dia. Risos, mexe-mexe, sombra ou sol e muita água fresca - que resultaram numa pigmentação mais dourada. Mas a noite não favoreceu. O que era pra ser navalha, por atraso ou acaso ou o que queiram chamar, tornou-se a farsa, que apesar de áspera não me pareceu nem um pouco falsa. Talvez tenha sido a real imagem do absurdo - e mais nada.
Chega-se ao quinto programa, e possivelmente a uma teoria completada e confirmada. Não tão difícil, visto ser Domingo que quase sempre é acompanhado de um ócio acre. Uma manhã conduzida por "Em Nome de Deus" que nem pelo nome parece ser um programa, mas apontou para mais uma aspereza da vida e, sendo assim, deve ser apresentado aqui. À noite o círculo não vingou e então o convite voltou para o navalha, na carne para ser mais precisa. E dessa vez o acaso nos encontrava. E me fez chegar à conclusão que Neusa Sueli é a verdadeira imagem de prostituta e todo o resto parece Camila Pitanga demais. Foi mais um momento áspero, é verdade, mas que provou que nem todo enrugado dói.


Sem grandes cicatrizes,
roteiros,
ou pretextos.


Recomendo: Navalha na Carne. Texto de Plínio Marcos, Direção Juliana Ferrari e André Rosa. Na EBA (Escola de Belas Artes), de Quinta a Domingo (última semana), às 20 horas, pelo valor símbolico de R$ 1,00. A venda dos ingressos inicia às 19 e, como hoje, é possível que em 15 minutos tudo tenha sido vendido.



2 comentários:

Anônimo disse...

Fico feliz em saber q o meu convite à navalha não lhe deixou cicatrizes tão profundas, mas lhe rendeu um texto tão "na carne"... Sucesso sempre, bingow!!! rsrs

Bjão

Matheus Morais disse...

Refinado e tocante... descrito de uma forma ímpar, belíssimo! Assim poderia definir esse texto,é um sentimento de inveja boa (que para mim não existe, só para Ana Maria Braga), na verdade é vontade de ter escrito algo tão lindo! Beijos e continue, para o nosso deleite!