quarta-feira, maio 23, 2007

Revestida em pó...


De maneira (talvez) inconsciente procuro palavras a me declarar de forma a não parecer a menina que aponta o meu rosto ou a mulher que busco encontrar diante de posições inteligentes e sensatas. Hoje não quero poesia. Talvez qualquer música, mas sem rimas ou romances. Quero hoje ser o que (não) sou. Não procuro escrever um texto longo que relate o que sinto, penso ou imagino ser – quero apenas escrever, como algo de uma necessidade tão intensa que me faz parar estagnada diante de uma frase rabiscada em papel pardo de conta a pagar. Se realmente estou revestida em pó não sei, mas aqui estou.

Já escrevi coisas melhores, apesar de não acreditar muito em minhas próprias palavras. Reler um parágrafo é tortura. A vontade que se tem é a de apagar tudo o que se ousou digitar. Não me apoio nesse sentido e que esse pensamento voe a qualquer lugar. HOJE ele não vai ser efetivado. Diante dos sonhos que tive ultimamente em que tudo se resume a sangue, dor ou morte, que seja então contra essa coisa que corrompe a minha vida pacifica. Entendam, meus pensamentos me fazem ser aquilo que não desejo. Em função deles acabo por me jogar fora. Alguns chamam isso de medo. Eles correm com os próprios pés e me matam cada vez que utilizam artifícios que magoam ao meu espirito. Foi assim que descobri que irei morrer de mim.

Escrever é terapêutico. Uso esta ação de movimentar dedos e jogar pensamentos como uma limpeza. Exercício das mãos e frescor da mente esgotada. Cheiraria a eucalipto se eu utilizasse desinfetante. E inventarei um desses produtos para se limpar o cerebelo em um futuro não muito distante - creiam. É nesse lugar que se escondem os meus defeitos. Quanto às qualidades já não sei. Basta dizer que vez ou outra elas se fazem presentes. Às vezes na menina mulher, outras na mulher menina. Algumas vezes numa Manuela que desconheço....

Mas a verdade é que eu cansei. Cansei de mim. Sim, voltei às minhas próprias reticências.


quarta-feira, maio 16, 2007

Ato de limpar.

Um pouco vazio este espaço. Talvez reflexo da dona. Talvez reflexo do tempo. E sujo de teias de aranha e poeira. De casas de ratos e passos e mãos e rabiscos a lápis. Era pra ser uma pintura esta tela. De uma cor amarela. Talvez refletindo a dona. Talvez refletindo o tempo. Quiçá a vida. Porém se desfaz em palavras, vez ou outra simples, vez ou outra sinceras. E agora brilha e cheira feito objeto novo.

Espanado o pó e coletado os papéis - basta reformular o pensamento, mas só na próxima faxina. Agora me bateu a preguiça...