sábado, dezembro 16, 2006

Alucina a ação (ou não)

Origem.
Começo do meio do fim.
Gênese do absurdo mudo
Sem palavras - sem lei - Além...
Deixa vir o vento, o tempo diz.
E muda. Mutação como a carne fraca e frágil...
Em dias assim chuva e sol se misturam.
Uno. Universo ao seu redor (meu sol)
Só existe o tempo. E o vento. Momentaneamente momento.
Deixa vir...
Deixa vir a beleza (e a Creuza)
Origem da metade final
Mal...
Mal é não crer.
Querer é bem! Bem normal.
Anormal um mal?

Começando a vida novamente.
Mente sã - totalmente. Abertamente - a mente. Absurda - mente.
Corpo dormente...

É a vida.
Crente e quente - Letal(...)

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Palavreando.Palavreado.Palavrear.

palavreando.palavreado.palavrear.
simplicidade.simples.
dedos.mãos.lábios.faces.
papear.papeando.ar.
simplesendosimplesimplesmente.
"chuvadecores","tardequexplode","lagoabrilha".
drummond.sendo.assim.simples.ser.
adeus.olá.até.simples.
simples-mente.menteamente.simples.
vida-simples...
simplicidadesimples?
casinhamenor.distânciamaior.
terra.
olha.olhos.olham.
vento.
dedinhosdopé.
faz.fazen.fazendo.
sinceridade?simples...
simplicidade.
complexamenteviver.
extasiado.êxtase.ser.

simplesmentecomplexa.
E.mais.nada.

sábado, novembro 25, 2006

Cómico/Trágico

Some.
Somem os dedos dos pés. Dos pés!
As mãos? As mãos somem...
Os olhos no espelho.
A face não vê desespero.
Há apenas medo.

Somem os joelhos e cotovelos.
Aquele lugarzinho que trazia frio à espinha.
O peso no ombro.
Na consciência.
Imaginário peso pesado.
Pesa? Sim.

Coração? Some, desaparece, evapora.
Puf, pum, plapz, zum!
O corpo sumiu! O mundo sumiu!
A face não vê desespero.
Nem medo.
Não há mais espelhos.

Único, única, sempre?!
Eterno que não é eterno. Some.
Desaparece o tempo?
Ruídos de vida contínua, continua.
Continuarão sempre.
Fenômeno do membro fantasma.
Vida fantasma.

Somaram as tragédias do mundo caduco.
Oh tédio.

terça-feira, outubro 03, 2006

Todo artista...



Existem dias na vida de qualquer artista, grandioso ou desacreditado, em que a inspiração não consegue finalizar.
Nenhum pensamento transforma-se em arte. Pura, bela... ARTE. Nada é digno o bastante.
As idéias tendem à não conclusão e o objeto de tanto trabalho é apenas uma metade.

Existem dias, na vida de qualquer poeta...
Dias assim.
Todo o corpo textual criado é desfavorecido por uma autocrítica que inspira comiseração. Nenhum escrito é merecedor de análise extra-criador.

Todo poeta passa por isso, todo artista passa por esse momento. Todo artista é poeta, todo poeta é artista! VIVA!
E o circo não tem mais aquela beleza. A vida não tem mais aquela beleza. As palavras não são mais tão belas. Não o quanto quisera que fosse, pois por serem palavras são já em sua natureza: belas... (Aspas à vida).

E há um medo. Medo incomum de que algum passante-viajante-itinerante leia os esboços mal escritos.
Esboços de uma obra que nunca findará. E nunca finda.
Estão espalhados pelos cantos da sala. Pelos cantos do quarto. Entre as folhas de um caderno colorido.

Há um medo.
Não que o poeta se menospreze ou menospreze aquilo que um dia escreveu...
Creio que, assim como quando conversou comigo, Virginia os tocou... De uma forma ou de outra... A todos: artistas poetas, poetas artistas. Com a mesma mensagem, na mesma linguagem. Bela e arrasadora:

"Devemos modelar as nossas palavras até se tornarem o mais fino invólucro dos nossos pensamentos. Os pensamentos são divinos".

Os pensamentos são divinos...

Sim... Há uma angústia, há um medo, um temor sem ou com preceitos.
Não, não creio que seja eu um ser tão nobre a ponto de possuir pensamentos divinos... Meus pensamentos são divinos? A vida é, realmente, entre aspas...

Interessante é que tudo parece fluir quando as coisas estão bem. Ou quando estão ruins, também.

E existem dias assim...

Outro dia ao papear com Veríssimo reconheci que quando é morna a vida há um quase que incomoda, que entristece e que mata trazendo tudo o que poderia ter sido e não foi...

Foi aí que descobri o mundo.

Imagem: Angústia(A Mãe do Artista) de David Alfaro Siqueiros.

domingo, setembro 10, 2006

Confeccionando um sambinha assim...




Desejo tecer um sambinha pra ti.
Vontade não falta.
Anseio.
Enroscando em finos trapos, titubeio.
Como realizar um querer sem tanto entregar?

Não sou de sambas, não crio sambas, não danço bambas.
Costurando-me em linhas: não sei sambar.
Ouço o ritmo da banda que passa,
Levando uma letra, doce bamboleio, movimento que arrasta-se pelos pés.

Não sou assim: De sambas, de gingas ou manhas...
Mas criar? Queria sim. Um cheio de dengos pra ti.
Originar um desejo. Construir, gerar, parir...
Um remendo de palavras cantadas só a ti...

Talvez um “samba a dois”, talvez...

Quem sabe assim inventava um sambinha até mesmo pra mim.

terça-feira, setembro 05, 2006

Vou ou Fico?

Não sei se vou.
Ou se fico.

E fico.

Chorei, chorei...
Lágrimas vertentes.
- Era a tristeza

Não sei se fico.
Ou se vou.

E Vou.

Chorei, chorei...
Lágrimas ardentes.
- Era a saudade.

.
.
.

"E a vida ainda tinha uma maneira de somar um dia à outro dia."
(Virginia Woolf - Mrs. Dalloway)

terça-feira, agosto 29, 2006

Tempo ॐ







Eu não tenho muito tempo.
Não. Não tenho.
Algum tipo de brincadeira?
Eu não sou do tipo que faz brincadeiras.
Uma menina muito séria, eu sou.
Bom...
Tá bom! Nem sempre...
Mas na maioria das vezes eu sou muito, muito séria.
Poxa vida, ainda quer me contestar?
Não percebeu que eu não tenho muto tempo?!
Vamos logo para as despedidas e não quero ver nenhuma tristeza em sua face.
A vida é assim... Não é o que todos dizem?

Eu não tenho muito tempo!
Os minutos já estão acabando.
Tudo indica que o fim se aproxima.
Cada vez mais próximo.
Cada vez mais...
Cada vez...
Cada...
...





Ai! Essa vida de estudante... não me sobre nem um resquício de tempo!

domingo, julho 30, 2006

...

{{Jacqueline Rebout}}
É tão simples...
E a vida passando bem à frente.
Andando pelo mundo prestando atenção em cores... em amores... em momentos.

Pela janela do quarto - a vida passando bem em frente.
Pela janela do carro - a vida passando bem em frente.

Sorrisos úmidos. Lágrimas?
Mas quem é ela?

Está tudo enquadrando...
Remoto controle...
Esquadros...


sexta-feira, maio 19, 2006

Enquanto o Sorriso não Vêm...


-"Então sorria" - disse a menina.
O rapaz que a escutava sorriu levemente e seguiu em frente.
-"Sorria" - gritou a menina, enquanto pulava entre o verde jardim.
Sorrindo intensamente, brilho nos olhos cheios de travessuras.

O orvalho da noite transformou árvores e plantas em gelo.
Havia um corpo na cama.
Um certo desmazelo,
Enquanto flores mortas repletas de odores se desfaziam em petalas e fim.

Todos olhavam,
Todos viam.
Mãos tocavam, mãos sentiam...
Não batia o coração, não havia pulso ou qualquer sensação.

-"Então sorria" - disse a menina.
Lágrimas entre olhos e pálpebras.
Trémulas mãos entre cabelos.
Sorrisos desfeitos.

Enquanto a juventude brincava de ser jovem
e os pássaros cantavam a dor da morte,
Risos foram ouvidos. Risos além.
-"Sorria" - gritava a menina enquanto pulava entre o verde jardim.

sábado, maio 06, 2006

O dia em que o tempo parou...


Estava pensando em escrever sobre amores ou então sobre cores, talvez até momentos... Mas no fim não tenho vontade de nada, além de sorrir.

Entre risadas, sorrisos e gargalhadas...
O tempo parava,
Contrariando tudo o que se esperava.
Para ver a banda passar -
Com suas cores, seus laços e seus odores -,
Uma multidão acompanhavam passos.

Não havia dia,
Não havia noite.
Nenhuma corrente de ar tremulava os tecidos frágeis...

Crianças corriam paradas,
Homens batiam palmas sem ruídos,
E havia o silêncio dos passáros.

Enquanto melodias sussurravam nos ouvidos mais despertos...

Para ver a banda passar,
A mãe deixou as coisas de casa...
Correu pela rua de barro,
Desceu ladeira abaixo, machucou joelhos e feriu pés...

Ao ver a banda passar o tempo parou,
O sorriso estacionou nos lábios.
Sensação de gargalhadas silenciosas...

E doces melodias sussuravam nos ouvidos mais despertos.


-----> O tempo parou como não deveria ser.


Estava pensando em escrever sobre amores, quem sabe sobre cores ou então momentos. Mas o tempo parou... Não esperava por isso. Agora não tenho vontade de nada, além de sorrir.

quinta-feira, maio 04, 2006

Flores...


Aromas pairam no ar.
Entres diferentes perfumes distingue-se o de flores do campo...

Foi um sonho que tive:

“Caminhava distraída sem pensar em nada, nem na vida, observando mãos e pés, movimentos e ventos, e entre ruas, escadas e sacadas esbarrei-me em corpos. Não. UM corpo... Entre suas mãos vi meus braços. Face a face, olho a olho (ainda que minha cabeça se projetasse para o alto). Não era lindo, mas era belo. Quase um anjo sem sexo. Mudos por longos minutos, apenas nos analisando. E por um segundo surgiu um sorriso. Desculpamo-nos ao mesmo tempo e seguimos nossos caminhos..."

Nesse momento acordei.

Abri lentamente os olhos, pedindo -desesperadamente- que fosse um sonho (eu não podia ser tão estúpida na vida real, não acham? Nem pedi o telefone do garoto!!! ツ), lentamente as mãos passearam pelo rosto, em um minuto de sonolência e despertar, e foi assim que aromas diferentes penetraram em minhas narinas... Dentre todos cheiros os de flores do campo sobressaiam-se... O corpo sentou, as mãos entre os cabelos enquanto os olhos abriam-se lentamente...

Era um quarto repeleto de cor... Inundado de flores amarelas. Percorri minhas mãos entre as pétalas finas e leves, levei algumas para as narinas e aspirei lentamente. Um aroma doce e adorável de flores... Flores...

A cabeça pendeu para o travesseiro, os olhos fecharam-se travessos e o sorriso no rosto persistiu... Pena que os poucos minutos de sonolência levaram embora todas as minhas pétalas sonhadoras...

De sonho em sonho... De corpos a flores... De risos a sorrisos.

Mas foram os cheiros de flores que me acompanharam por todo um dia.

domingo, abril 30, 2006

☆ Talvez sonhando... Talvez acordada ☆



Pela manhã observava o som da chuva ao cair no chão cinzento do concreto. Imaginava se este era um som comparável ao de uma melodia ou apenas um som qualquer - como ruídos de transito e de movimentos (ainda que alguns possam considerá-los uma adorável "música para os ouvidos"- Eu diria: insanos os que pensam assim). Nas primeiras horas matinais estava, simplesmente, pensando...

O certo é que pensar é uma rotina em minha vida. Penso em qualquer situação e sobre qualquer coisa (material... imaterial). Chego a acreditar, tantas vezes, que este é um fato normal na vida de qualquer ser humano - afinal "quem não pensa"?! Bem... eu penso sempre, muito... quantidade verdadeiramente imensa. E é provavel que alguns minutos após pensar sobre coisa qualquer confundirei este pensamento com sonhos... Talvez este seja um fato normal - também -, mas é provável que não e, sinceramente, dedico-me a isto (Viva à não normalidade!... Às vezes...).

Pois bem, pela manhã estava pensando - ou observando (acho até que já nem sei) - no som que fazem os pingos de chuva ao cairem no chão cinzento, estupidamente frio, do concreto. Neste momento o céu estava escuro, nuvens densas se formavam e imagens se passavam na frente do aparelho de televisão - um filme pouco antigo, mas muito lindo... tão lindo que nem saberia dizer quantas lágrimas cairam da minha face - enquanto uma musiquinha de fundo tocava lentamente - ♬♬"I Don't wanna close my eyes/ I Don't wanna fall asleep'/ Cause I'd miss you baby/ And I don't wanna miss a thing (...)" ♬♬ (Aerosmith) - e eu pensava em pingos de chuva, em concreto e em tristezas.

Havia um héroi, havia um vilão (hum... provavelmente não), havia mocinhos e mocinhas... Mas havia, também, uma chuva tão poderosa que me forçava aumentar o volume do aparelho na proporção da sua grandesa. E o incrivel é que a cada momento, dos mais tristes aos mais preocupantes, como se soubesse o que se passava no espírito da "cinéfila", a chuva ganhava imensa intensidade e chorava desgostosa ou enraivecida enquanto gritava e desabava lindamente...

Após lágrimas espessas da telespectadora e da bela chuva, pingos invadiram a casa num misto de sonho e realidade... mentira e verdade.

☆☆Aos poucos a sala também chorava.

Ou talvez os meus olhos, invadidos por águas intensas caídas dos próprios, só conseguissem enxergar a turvidade da sala - que ganhou olhares, desenhou pálpebras e se desfez em sorrisos tristes.

sexta-feira, abril 28, 2006

Entre Palavras e Paredes...



Era pra ser um dia normal...

Entre tantas situações, quase sempre habituais, a normalidade estava presente. Os olhos olhavam, as bocas falavam, o corpo movimentava-se mesmo parado...

Depois que o sol nasceu, pessoas sairam, flores se abriram, sorrisos surgiram. Entre conversas e lágrimas e gargalhadas estava ela. Ela mulher personagem deste texto que se desfaz em palavras...

Ela nao olhava para ninguém. Talvez não visse ninguém. Apenas ela no espelho dourado com pedrinhas brilhantes um pouco soltas, um pouco escurecidas, um pouco podres... E Ninguém a via.

Parada, quase no meio do nada, olhar além de tudo o que os outros mortais viam. Seus olhos possuiam um brilho, cuja explicação é impossível, pois não existem palavras para descrevê-los (pena). E como se não possuisse o mesmo destino de todos os outros que caminhavam apressados ela cantarolava cantigas e sorria para o vento. ♬♬♬

Não sei quem ela era... quem era ela?

Mas tudo me impulsionava à escrever palavras enquanto as paredes apertadas do meu quarto fechavam meus olhos até não poder mais vê-la. Como cortinas cerradas, as janelas fecharam os olhos da alma e o sono dominou o tempo.

Entre palavras e paredes eu a escrevi...

Entre paredes e palavras escrevi sobre mim.

ღღღ

☆☆☆Não há janelas no meu quarto.☆☆☆