domingo, abril 30, 2006

☆ Talvez sonhando... Talvez acordada ☆



Pela manhã observava o som da chuva ao cair no chão cinzento do concreto. Imaginava se este era um som comparável ao de uma melodia ou apenas um som qualquer - como ruídos de transito e de movimentos (ainda que alguns possam considerá-los uma adorável "música para os ouvidos"- Eu diria: insanos os que pensam assim). Nas primeiras horas matinais estava, simplesmente, pensando...

O certo é que pensar é uma rotina em minha vida. Penso em qualquer situação e sobre qualquer coisa (material... imaterial). Chego a acreditar, tantas vezes, que este é um fato normal na vida de qualquer ser humano - afinal "quem não pensa"?! Bem... eu penso sempre, muito... quantidade verdadeiramente imensa. E é provavel que alguns minutos após pensar sobre coisa qualquer confundirei este pensamento com sonhos... Talvez este seja um fato normal - também -, mas é provável que não e, sinceramente, dedico-me a isto (Viva à não normalidade!... Às vezes...).

Pois bem, pela manhã estava pensando - ou observando (acho até que já nem sei) - no som que fazem os pingos de chuva ao cairem no chão cinzento, estupidamente frio, do concreto. Neste momento o céu estava escuro, nuvens densas se formavam e imagens se passavam na frente do aparelho de televisão - um filme pouco antigo, mas muito lindo... tão lindo que nem saberia dizer quantas lágrimas cairam da minha face - enquanto uma musiquinha de fundo tocava lentamente - ♬♬"I Don't wanna close my eyes/ I Don't wanna fall asleep'/ Cause I'd miss you baby/ And I don't wanna miss a thing (...)" ♬♬ (Aerosmith) - e eu pensava em pingos de chuva, em concreto e em tristezas.

Havia um héroi, havia um vilão (hum... provavelmente não), havia mocinhos e mocinhas... Mas havia, também, uma chuva tão poderosa que me forçava aumentar o volume do aparelho na proporção da sua grandesa. E o incrivel é que a cada momento, dos mais tristes aos mais preocupantes, como se soubesse o que se passava no espírito da "cinéfila", a chuva ganhava imensa intensidade e chorava desgostosa ou enraivecida enquanto gritava e desabava lindamente...

Após lágrimas espessas da telespectadora e da bela chuva, pingos invadiram a casa num misto de sonho e realidade... mentira e verdade.

☆☆Aos poucos a sala também chorava.

Ou talvez os meus olhos, invadidos por águas intensas caídas dos próprios, só conseguissem enxergar a turvidade da sala - que ganhou olhares, desenhou pálpebras e se desfez em sorrisos tristes.

3 comentários:

Anônimo disse...

Como sempre todos os escritos são lindos, de uma sensibilidade que também dá vontade de chorar....

Beijos mil, minha filha

Anônimo disse...

Parece que a vida deixou de ser Cor de Rosa. A menina-mulher, agora mulher-menina mas ainda menina. Agora, como os grandes clássicos do cinema, a vida está em (quase) preto e branco. Em uma profunda análise de tudo que a cerca, de forma espetacular - como em "Beleza Americana" - ou até mesmo com narrativas e conversação com o telespectador - como em "Curtindo a Vida Adoidado" ou "Lisbela e o Prisioneiro".

Imagens em preto e branco, nostalgia... O Sempre transformou-se em Simplesmente. Estivera, eu, certo o tempo todo? Mas certo de quê? Em uma tarde mudaste? Só sei que nada sei. Ou melhor, sei que estás e estarás naquela redoma e relicário.

"Entre palavras e paredes escreverei sobre momentos, caminhos e motivos... Entre palavras escreverei sobre vida. Entre paredes - sobre escolhas. Entre duas pessoas... alternativas. Simplesmente..." Adorei isso.

Acho que entendi. Pelo menos o que escrevo. Será que entenderás o que digo e escrevo? Ninguém mais o fará. Acredite.

Beijos.

Sempre ou simplesmente, quero saber os motivos.

Anônimo disse...

Creio que observar a chuva, ouvir o som grave e sentir o cheirinho da água limpa é algo bem prazeroso.
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Sinto saudade de casa porque podia ouvir melhor os pingos no telhado...
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De onde estou posso ver a dança da água ao toque carinhoso - ou intenso - do vento. É como um grande véu de noiva dançando na suave brisa.
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Estendo minha mão na janela e sinto gotas geladas que me arrepiam até a ponta do pé.
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Trago essa água limpa e doce até meu rosto, minha boca.
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Na rua, algumas pessoas se abrigam, se escondem com um medo incrível das águas que caem do céu. Dificilmente alguém arrisca "to sing in the rain"...
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Enquanto estou abrigada no conforto e calor do meu quarto perfumado, penso nos que sofrem com uma dádiva dos céus...
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De repente, a escuridão vai chegando aos poucos. E quando a noite cai totalmente, começam os clarões.
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O céu fica cor lilás. A chuva se intensifica. Roncos, trovões. A ira dos deuses. Clarões, trovões, clarões, trovões...
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E, com o amanhecer, o tempo vai serenando... A vai indo embora aos poucos numa melancólica despedida. natureza descansa da noite furiosa, intensa...Dorme.
~*~