domingo, abril 15, 2007

"A Missa"


Veio junto com fogueira, pedido de casamento, desmaio e dores na coluna. Gente quatro horas em pé. Outras tantas, quatro horas sentadas. Sem contar os dorminhocos, talvez sonolentos devido aos vinhos bebericados no decorrer do dia. E todo mundo esperando a missa começar. Ou será terminar? Agora, passado tantas horas, já nem sei. Só sei que excepcionalmente naquele dia me predispus a ir. Ir-me na verdade, porque foram poucos os minutos para que eu desejasse voltar. E voltei: entre o carro, as grades e as conversas afoitas dos grupos lá fora. Não sei, não sei, a ideia de multidão não me comove.

"Todo mundo dançando”. Entre amém(s) e melodias da infância a entrega às recordações foi quase total. Quantas vezes naquele lugar havia dito não? Quantas vezes preferi o fresco de fora ao morno de dentro? E quantas vezes tive que conter meu anseio entre assistir mais uma prece a brincar de ter infância? "Você sabe que uma prece não vai te dizer?”. O quê, o quê? Fale-me o que será? Se vai ser, se foi ou se nesta hora está a ser, a acontecer. Por que quase sempre achei que iria me dizer algo. E que talvez não escutasse devido a minha constante desatenção. E que talvez caíssem dos céus qualquer coisa para me fazer pagar... Se eu já soubesse.... Existem tantas coisas que faria ou deixaria de fazer caso previamente soubesse...

E houve quem não aguentou o sermão de 50 minutos de um padre velho e cansado. Revirou os olhos e desmaiou. Entre recados e Hospital, a missa continuou. Não, não era nenhuma música. Por que a mim não foi permitido escutar música. Nem escrever no celular. “Basta de luzes coloridas, você deve escutar. É Deus”. E eu nem vi Deus ali. Mas vi pessoas. Pessoas que há muito não havia visto. Talvez houvesse um pouquinho de Deus nisso. Só que basta de Deus por hoje, já que a missa terminou e ninguém morreu.


Não perderia por nada.

"Tá todo mundo dançando e eu também quero dançar, todo mundo dançando esperando a missa (terminar)...".

3 comentários:

Sheltom de Aragão e Samuele Rodrigues disse...

Geniaaaaal, Manu!!!

outra vez..."brocando"!!!


muito interessante o texto, aliás, precisamos falar sobre esse assunto, sinto idéias borbulhando tanto na minha cabeça quanto na sua.

Desculpa a demora pra comentar, mas tenha a certeza de que foi melhor, assim pude ler o texto com calma e atenção, afinal, homens não se concentram em mais de uma coisa por vez =P.

Vê se lembra de mim e abandona essa mania de abandonar as pessoas(ou será que é só comigo?!).

beijo.

Sheltom de Aragão e Samuele Rodrigues disse...

vamos brincar d atualizar os blogs, neh?!

=*

aocubo disse...

recomendo o texto pro "Mirante",mto bom mesmo!
mais uma vez fica provada a minha teoria de que as artes se complemetam: a dança, a musica, artes plásticas td se interpenetra de maneira bem sutil mas com bastante vigor, o q foi provado no seu belo texto...