
Pela manhã observava o som da chuva ao cair no chão cinzento do concreto. Imaginava se este era um som comparável ao de uma melodia ou apenas um som qualquer - como ruídos de transito e de movimentos (ainda que alguns possam considerá-los uma adorável "música para os ouvidos"- Eu diria: insanos os que pensam assim). Nas primeiras horas matinais estava, simplesmente, pensando...
O certo é que pensar é uma rotina em minha vida. Penso em qualquer situação e sobre qualquer coisa (material... imaterial). Chego a acreditar, tantas vezes, que este é um fato normal na vida de qualquer ser humano - afinal "quem não pensa"?! Bem... eu penso sempre, muito... quantidade verdadeiramente imensa. E é provavel que alguns minutos após pensar sobre coisa qualquer confundirei este pensamento com sonhos... Talvez este seja um fato normal - também -, mas é provável que não e, sinceramente, dedico-me a isto (Viva à não normalidade!... Às vezes...).
Pois bem, pela manhã estava pensando - ou observando (acho até que já nem sei) - no som que fazem os pingos de chuva ao cairem no chão cinzento, estupidamente frio, do concreto. Neste momento o céu estava escuro, nuvens densas se formavam e imagens se passavam na frente do aparelho de televisão - um filme pouco antigo, mas muito lindo... tão lindo que nem saberia dizer quantas lágrimas cairam da minha face - enquanto uma musiquinha de fundo tocava lentamente - ♬♬"I Don't wanna close my eyes/ I Don't wanna fall asleep'/ Cause I'd miss you baby/ And I don't wanna miss a thing (...)" ♬♬ (Aerosmith) - e eu pensava em pingos de chuva, em concreto e em tristezas.
Havia um héroi, havia um vilão (hum... provavelmente não), havia mocinhos e mocinhas... Mas havia, também, uma chuva tão poderosa que me forçava aumentar o volume do aparelho na proporção da sua grandesa. E o incrivel é que a cada momento, dos mais tristes aos mais preocupantes, como se soubesse o que se passava no espírito da "cinéfila", a chuva ganhava imensa intensidade e chorava desgostosa ou enraivecida enquanto gritava e desabava lindamente...
Após lágrimas espessas da telespectadora e da bela chuva, pingos invadiram a casa num misto de sonho e realidade... mentira e verdade.
☆☆Aos poucos a sala também chorava.
Ou talvez os meus olhos, invadidos por águas intensas caídas dos próprios, só conseguissem enxergar a turvidade da sala - que ganhou olhares, desenhou pálpebras e se desfez em sorrisos tristes.